-->

O corpo hobbesiano

Para Thomas Hobbes (2012, p. 108), corpo é "aquele que não depende do nosso pensamento e que coincide ou prolonga-se com alguma parte de um espaço", de modo que a "subjetividade" do corpo só é reconhecida na medida em que este se encontra "sujeito a um espaço imaginário" (p. 108). Falar da subjetividade humana é, portanto, falar da corporeidade da máquina humana. No plano da natureza, essa corporeidade se manifesta como máquina individual equipada (a) de uma mola [coração] para imprimir movimento às cordas [nervos] e rodas [juntas] de sua engrenagem; (b) de um conjunto de sensores [órgãos dos sentidos] para entrada de dados; (c) de um centro de processamento de dados [mente]; (d) de uma programação básica contendo a diretriz fundamental da autoconservação-autodeleite; (e) de recursos de aprendizado de máquina, com capacidade para calcular, em cada contexto, a diretriz de convivência social que melhor se adequa à diretriz fundamental. É sob essa engenharia computacional, que recusa a incorporeidade metafísica e eleva o corpo ao estatuto de condição de possibilidade do discurso sobre a verdade ou a falsidade, que Hobbes erige a sua noção de contrato social enquanto projeto que suprime o estado de natureza quando esse implica escassez da liberdade dos movimentos de proteção e de defesa dos recursos necessários à execução da primeira diretriz. O que se fabrica sob o nome de contrato social é uma rede de máquinas individuais de computação natural artificialmente organizadas sob a forma de uma grande máquina chamada Leviatã, "porque pela arte é criado aquele grande Leviatã a que se chama Estado, ou Cidade (em latim Civitas), que não é senão um homem artificial, embora de maior estatura e força do que o homem natural, para cuja proteção e defesa foi projetado" (HOBBES, 1979, p. 5).

Referência(s):
COSTA, Israel Alexandria. Do corpo hobbesiano: material de aula. Arapiraca, AL: Grupo de Pesquisa Gnosiologia, Ética e Informação / CNPq / Ufal - Projeto Web Filosofia, 2021. Disponível em: https://www.gpgeinfo.org/p/hbbscrp.html. Acesso em: 17 abr. 2021.
HALLDIN, Mats. A Destruição de Leviatã, de Gustave Doré (Estrasburgo, 6 jan. 1832 - Paris, 23 jan. 1883): gravura criada em 1 de jan. 1865. 21 ago. 2005. 1 fotografia, p&b. Altura: 627 pixels. Largura: 504 pixels. 144 dpi. 265 Kb. Formato PNG. Permissão: domínio público. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9d/Destruction_of_Leviathan.png. Acesso em: 17 abr. 2021.
HOBBES, Thomas. Elementos da Filosofia: sobre o corpo. Tradução Marsely De Marco Martins Dantas. São Paulo: Ícone, 2012.
HOBBES, Thomas. Leviatã: ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. Tradução João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
REEDY, Tom. [Adaptação de] Leviathan de Thomas Hobbes, por Abraham Bosse [Wenceslas Hollar] (Tours, 1604 - Paris, 14 fev. 1676): Desenho a tinta criado em 1651. 3 jan. 2011. 1 fotografia, p&b. Altura: 2004 pixels. Largura: 1304 pixels. 96 dpi. 1.07 Mb. Formato JPG. Permissão: domínio público. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/archive/a/a1/20190301091325%21Leviathan_by_Thomas_Hobbes.jpg. Acesso em: 17 abr. 2021.

Exercício(s):
a) 405/pl/hbbs_crp_vrdd
b) 405/me/hbbs_crp_lbrdd
c) 405/me/hbbs_crp_ptc